Cafeopeia

quarta-feira, janeiro 25, 2006

CAFE E BRASIL


CAFÉ E BRASIL

Naveguemos em mar de descoberta.
Atenção, atenção, ó, gente esperta:
Como é que o café chegou ao Brasil
E, aqui, no escudo, floresceu perfil?
O café, que nos dá grande colheita,
Quem o trouxe para cá foi o Palheta
Que fora, em busca dele, na Guiana,
Um pouco mais além da Taprobana.
Ora, foi que se deu há muito tempo,
No tempo em que o café, em contratempo,
Sofria, prisioneiro, na Caiena.
Ao vice-rei do Brasil dava pena
Ver inocente, da cabeça aos pés,
Ser forçado a viver entre galés.
Então, ele deu ordem ao Palheta:
Vá, capitão, percorra este planeta.
Inspirado por Deus, não perca a fé
De trazer-nos sementes de café.
Vá libertá-las da prisão infame.
Procure comover certa madame.
Foi Palheta, cruzou mata cerrada,
À força de facão, abriu picada.
Na Guiana Francesa, que surpresa!
Encontrou, finalmente, sua presa.
Será que houve segredo de gaveta
Entre a gentil senhora e Palheta?
Ela, em troca de belos madrigais,
Cedeu sementes de seus cafezais?
Não ficou registado na imprensa
Se Palheta pediu ou não licença
Para colher frutinhas no quintal
Onde tinham prendido o cafezal.
Há duas versões muito controversas...
Uma, que malicia, nas conversas,
Ter havido entre Palheta e madame
D’Orvilliers um amável liame.
Ela era mulher do governador...
Não falta nunca algum difamador
Fazendo do facto bem inocente
Matéria de calúnia maldizente.
O facto é que, Palheta, cinquentão,
Trouxe muitas sementes, um montão!
Há outras versões da feliz chegada
Do café, nesta pátria bem amada.
Mas o café é poeta, seu doutor.
Não o tornes severo historiador.
Aqui chegou e se cobriu de flor:
Café-Brasil, história de um amor.